Os doze sentidos e os sete processos vitais

Rudolf Steiner

  1. macrocosmo: universo / microcosmo: ser humano sentidos: receberam o primeiro impulso durante Antigo Saturno (1º estágio). como eram esses sentidos durante a evolução da Antiga Lua (3º estágio)?

  2. Antiga Lua: sentidos muito mais vivos, clarividência onírica, consciência de sonho (indistinta e imaginativa). Terra: sentidos mais desvitalizados, desenvolvimento da consciência e da liberdade.

  3. Quando se observa o relacionamento do ser humano com o mundo, percebe-se que temos doze sentidos (e não apenas cinco). O sentido do tato por vezes é confundido com o sentido do calor, por exemplo.

  4. sentido do tato: é por meio dele que o ser humano se relaciona com o mundo exterior. a percepção do objeto ocorre, porém, no lado interior da pele, dentro do corpo.

  5. sentido da vida: percebe a situação global do nosso organismo como um bem-estar ou como um mal-estar. é a nossa disposição vital. é a sensação de restauração ou desgaste na atuação conjunta dos nosso órgãos.

  6. sentido do movimento: não se trata de podermos andar para lá e para cá, mas daqueles movimentos que eu sinto em mim quando movimento meus membros ou quando falo. são, portanto, os movimentos internos os que são compreendidos como sentido do movimento. quando eu me movimento fora de mim, também me movimento dentro de mim.

  7. sentido do equilíbrio: nós o percebemos ao nos colocarmos em relação com os fatores direita e esquerda, cima e baixo, ao nos posicionamos no mundo de maneira a nos sentirmos dentro dele — a sentir que agora estamos de pé.

  8. todos sentidos mencionados acima acontecem no interior do organismo.

  9. sentido do olfato: saímos um pouco de nós, conseguimos um pouco de contato com o mundo exterior por meio desse sentido.

  10. sentido do paladar: ao degustar um alimento, nós vivenciamos interiormente, as qualidades desse elemento exterior.

  11. sentido da visão: interiorizamos mais características do mundo exterior. ao olhar para algo, vemos a cor como limite da superfície.

  12. sentido do calor: um relacionamento ainda mais íntimo com o mundo exterior. com ele, vivenciamos o interior do objeto percebido.

  13. sentido da audição: relação ainda mais íntima do interior com o exterior. ao fazer um material soar, percebo o interior daquilo que está soando.

  14. sentido da palavra: o interior do mundo externo se interioriza ainda mais quando o som se transforma numa palavra plena de sentido.

  15. sentido do pensamento: percepção do pensamento por detrás da palavra. no relacionamento vivo com o ser que emite a palavra, eu posso me transportar imediatamente, para dentro do ser que está pensando.

  16. sentido do eu: possibilidade de nos sentirmos unos com outro ser, passando a senti-lo como a nós mesmos. isto acontece ao percebermos — por meio do pensar, do pensar vivo que nos é enviado por um ser — o eu desse ser.

  17. distinção entre o sentido do eu (capacidade humana de perceber um outro eu) e o eu (vivência do próprio eu).

  18. o germe da capacidade de perceber o outro foi implantado no antigo Saturno. nós só obtivemos o nosso eu durante a evolução da Terra.

  19. nós percebemos os outros eus por meio do sentido do eu. o outro eu age sobre mim por meio do sentido do eu. não se trata de um processo insconsciente, trata-se de um relacionamento sensorial.

  20. cada sentido constitui, por si só, um âmbito separado. porém, todos esses âmbitos dos sentidos são permeados por vida.

  21. é como se os doze âmbitos dos sentidos estivessem em repouso. a vida, no entanto, pulsa por todo o organismo.

  22. sentido da vida: forma como percebemos a vida. a vida propriamente dita: a vida que flui através de nós.

  23. respiração: está presente em tudo o que é vivo. é renovada constantemente por algo que é assimilado do exterior; e isso beneficia todos os sentidos.

  24. aquecimento: penetra em nosso interior, exige determinado calor do ambiente com o qual nos relacionamos.

  25. nutrição: partindo de fora, vem ao encontro da vida com processos vitais.

  26. respiração, aquecimento e nutrição: pertencem o mundo exterior. (processos vitais terrenos)

  27. os próximos quatro processos vitais dizem respeito à transmutação, metamorfose, transformação do que foi assimilado de fora.

  28. secreção: é um processo duplo, consiste em expelir, mas também consiste em assimilar. é a separação para dentro e para fora do organismo.

  29. manutenção: o que é segregado para dentro do organismo tem de ser mantido para a conservação da vida.

  30. crescimento: para poder se manter, a vida deve não só conservar o que se ingere, mas também ampliá-lo. tudo o que é vivo se multiplica, cresce.

  31. geração: a criação do todo. acima do crescimento, há nos processos vitais, a possibilidade de se gerar um indivíduo da mesma espécie.

  32. a vida se divide em sete processos, que fluem através dos doze âmbitos, consistindo em movimento.

  33. doze âmbitos (microcosmo) ⟷ doze signos zodiacais (macrocosmo) sete processos vitais (microcosmo) ⟷ aos sete planetas (macrocosmo)

  34. na antiga Lua, os sentidos mantinham um relacionamento mais vivo com os mundos exterior e interior, assim como fazem hoje os processos vitais.

  35. na antiga Lua, o subjetivo e o objetivo não se diferenciavam tanto. fora e dentro se pertenciam mutuamente.

  36. sentido do paladar na antiga Lua: era tão inconsciente como é hoje a respiração. não havia prazer no degustar, era um processo de manutenção.

  37. sentido da visão na antiga Lua: os olhos viviam dentro da cor, e a vida era sustentada pela cor que entrava pelos olhos. os humanos se expandiam quando entravam no azul e se contraíam quando entravam no vermelho. expansão e contração estavam ligados à percepção cromática.

  38. sentido do eu na antiga Lua: não existia. o eu só se ligou ao ser humano na Terra. não tinha na Lua uma razão de ser. não se podia perceber um eu.

  39. sentido do pensamento na antiga Lua: não existia. o pensar, como o percebemos hoje, o pensar vivo, está relacionado à consciência da Terra.

  40. sentido da palavra na antiga Lua: não existia. a palavra existia como o logos permeando sonoramente o mundo todo. ela tinha um significado para o ser humano, mas ele não percebia a palavra nos outros seres.

  41. sentido da audição na antiga Lua: o som vinha, era ouvido, mas todo o ouvir era acompanhado de vibração interna. participava-se vivamente do som.

  42. sentido do calor na antiga Lua: toda a disposição vital se modificava quando o calor aumentava ou diminuía. a vivência participativa era muito mais forte.

  43. sentido do olfato na antiga Lua: também estava intimamente ligado aos processos vitais. permeava e afetava muito mais o ser humano.

  44. sentido do equilíbrio na antiga Lua: existia e era utilizado.

  45. sentido do movimento na antiga Lua: era muito mais intenso porque o ser humano vibrava muito mais. além de captar a movimentação, ainda captava as vibrações internas geradas pelas influências externas (como o som).

  46. sentido da vida na antiga Lua: não havia necessidade do sentido da vida. a vida interior não era limitada pela pele. nadava-se dentro da vida.

  47. sentido do tato na antiga Lua: também não existia. só apareceu com o reino mineral, e o reino mineral é resultado do desenvolvimento da Terra.

  48. na antiga Lua, existiam 7 sentidos: movimento, equilíbrio, olfato, paladar, visão, calor, audição. e 5 sentidos não existiam: tato, vida, palavra, pensamento, eu.

  49. na antiga Lua, o ser humano só podia ter o corpo astral. a vida tem sempre uma composição sétupla. o sentidos na antiga Lua, por serem muito vivos e estarem em movimento, desmembram-se em sete.

  50. o doze trata de âmbitos fixos. foi por terem se transformado em doze âmbitos em repouso que nossos sentidos vieram a ser a base da consciência do eu na Terra.

  51. o relacionamento dos 12 com os 7 permeia todo o existir. é a relação das configurações zodiacais fixas com os planetas em movimento.

  52. o número 7 é o embasamento do corpo astral - o movimento, a vida. o número 12 é o embasamento do eu - o fixo, o repouso, a consciência.

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