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Os quatro sentidos medianos

  1. sentido visual - quem o percebe é o humano luz

  2. sentido olfativo - quem o percebe é o humano aéreo

  3. sentido gustativo - quem o percebe é o humano aquoso

  4. sentido térmico - quem percebe é o humano térmico

o que chamamos de "mundo circundante" costuma ser o que esses sentidos percebem. eles nos relacionam com a terra. sentidos emotivos: prevalece neles uma nota emotiva (principalmente no olfato e mais ainda no paladar). dos sentidos emotivos, o sentido do calor é o mais próximo do corpo, dos sentidos volitivos. estes sentidos são bem conhecidos porque em três deles os órgãos podem ser facilmente identificados.

Os quatro sentidos superiores

  1. sentido auditivo: percebe sons, ruídos e o elemento acústico ou musical da linguagem. quando um objeto ressoa, ele revela algo da sua substancialidade.

  2. sentido verbal: percebe a essência da linguagem. reconhece o que constitui o privativo da linguagem. o ser humano carrega dentro de si "um organismo de fonemas".

  3. sentido do eu alheio: a percepção do eu alheio não se baseia em uma dedução. é uma experiência sensorial, imediata e autônoma. a vivência do próprio eu é puramente interna. o eu do próximo é, para o meu sentido do eu, mundo exterior.

  4. sentido intelectivo: percebo, no conceito que vive fora, apenas aquilo que vive, de forma aproximada, em mim. a linguagem é apenas a mediadora dos pensamentos. é necessário dissociar o falar e o pensar. a percepção dos pensamentos pressupõe um organismo conceitual parecido. ao experimentar o conteúdo de uma consciência alheia, não experimento minha própria consciência.

Sentidos inferiores e superiores

sentido inferior

órgão em movimento

sentido superior

órgão parado

equilíbrio

ouvido e esqueleto

audição

ouvido

movimento

músculos

linguagem

músculos

vitalidade

órgãos vitais

pensamento

órgãos vitais

tato

pele

eu

corpo todo (cabeça)

Desenvolvimento da humanidade

a história da humanidade é a história das mudanças do organismo sensório. 1. antiga Lua: sentidos mais vivos. pouca consciência. clarividência sonhadora. pouca liberdade. 2. expulsão do paraíso: capacidade de distinguir entre o bem e o mal (mudança no organismo sensório) 3. o contraste entre a antiga civilização oriental e a atual civilização ocidental

humano lunar: não possuía um eu, tinha sete sentidos bem vitalizados. humano terreno: nasceram os doze sentidos, desvitalização, consciência de eu.

o corpo etérico se retirou de certas partes do corpo humano, que viraram os órgãos sensórios. foi como se os órgãos do ser humano se abrissem para perceber o mundo exterior.

a criança se interessa muito mais pelo próprio corpo do que pelo mundo exterior. sente a sua epiderme como uma envoltura. (é como se a criança antes dos 9 anos estivesse na fase da Antiga Lua)

6 sentidos inferiores: equlíbrio, movimento, vitalidade, tato, paladar, olfato. 6 sentidos superiores: calor, visão, audição, linguagem, pensamento, eu.

cultura oriental: se baseou nos 6 sentidos superiores. cultura ocidental: se apoia 6 sentidos inferiores.

os sentidos volitivos percebem números, medidas e pesos. matemática e geometria surgem dos sentidos volitivos, principalmente dos sentidos do equilíbrio e do movimento.

três dimensões do espaço, gravidade, vertical-horizontal e proporções numéricas são conceitos abstratos que os sentidos volitivos experimentam como fatos da nossa propria corporalidade.

dualismo entre saber e crer na percepção sensória: o que é captado pelos sentidos inferiores é considerado como objetivo, conhecimento. o que é captado pelos sentidos superiores é considerado como subjetivo, fé.

matemática e geometria são os pré-requisitos da civilização ocidental moderna. predomínio dos 6 sentidos inferiores ⟷ cultivo do intelecto: provocaram a civilização ocidental.

o intelecto do ser humano não se deve ao cultivo dos sentidos superiores. o nosso pensar atual está enraizado numa metamorfose do sentido do olfato.

foi possível viver com uma cultura dos sentidos superiores, mas não será possível viver, de forma humana, com a cultura unilateral dos sentidos volitivos.

A criança como organismo sensório

adulto → conhecer = perceber + pensar criança: não possui o pensar (a percepção precede o pensamento)

na amamentação, é possível supor que o tato precede o paladar. dos sentidos volitivos, o sentido do equilíbrio seria o último a despertar. a organização corpórea do animal: oferece prontidão para lidar com o mundo, mas é coercitiva. organização corpórea do ser humano: não oferece prontidão, mas o deixa livre.

a criança é, toda ela, órgão sensório. antes do despertar do pensar, a criança é um ser de pura percepção. o pensar do adulto é como uma muralha protetora que intercepta as impressões sensoriais. a criança absorve a sensação do adulto com seu organismo inteiro. introjeta essa sensação na sua respiração e, mais tarde, talvez em seu metabolismo.

cada órgão da criança abrange áreas muito mais amplas. a criança ouve a música não só com os ouvidos, mas com o corpo inteiro. o mesmo acontece com o paladar e com os outros sentidos.

a criança não tem somente impressões sensórias externas, mas também tem uma imaginação muito ativa, que cria, em seu interior, imagens e visões muito reais.

o organismo etérico possui a primeira tarefa de plasmar e modelar os órgãos e o corpo da criança. mas ele também funciona como um órgão global de percepção na criança.

a partir deste órgão global de percepção, desenvolve-se entre os 5 e 7 anos o pensar da criança. no pensar imaginativo, a percepção e o pensar ainda são uma coisa só.

na criança de 7 anos, os processos sensoriais seguem sendo, em boa parte, processos vitais. esta mesma vitalidade encontramos no pensar da criança em forma de imaginação e fantasia. entre os 9 e 10 anos, quando o pensar se torna abstrato, puramente intelectual, desprovido de vida interior, desdobram-se a percepção e o pensamento.

aos 9 anos, o pensar, que até então tinha sido imaginativo, recebe o primeiro impacto intelectual. além disso, uma parte dos processos vitais se retira da organização sensória. como resultado, a criança se sente como uma estranha. é o momento de olhar para o mundo com a nova lente do pensar.

Organização sensória no futuro

os sentidos são ameaçados por dois lados: pelo pensar puramente intelectual e abstrato e pela vida da civilização moderna, com sua tecnologia.

o pensar claro e a consciência desperta do eu oferecem a possibilidade de atuar com fundamento, em liberdade. porém, o desenvolvimento do sistema nervoso e do cérebro é a causa de que as experiências sensoriais empalideçam cada vez mais. o pensamento, em forma de intelecto abstrato, só emana processos letais para nossos órgãos sensórios.

anúncios luminosos - sentido cromático embotado. ruído do motor - debilita o sentido da audição. movimento mecânico - influencia os sentidos volitivos, principalmente o do movimento.

pode-se revigorar e vitalizar nosso organismo sensório de três modos diferentes: 1. tornar mais vivo o pensamento, espiritualizar a intelectualidade, projetar forças volitivas no pensar. 2. captar o mundo sensível de forma fenomenológica (observação goetheanística da natureza) 3. realizar atividades artísticas, apreciar da obras de arte

A missão da arte consiste, entre outras coisas, em manter nosso organismo sensório sadio. A verdadeira atitude estética do ser humano consiste em vitalizar seus órgãos sensórios e impregnar de alma os processos vitais.

Cultivo dos sentidos inferiores

a criança reproduz internamente o movimento do motor. a vida mecanizada gera no ser humano um movimento contínuo de inquietude. o sentido do movimento adquire a mania de querer perceber movimentos automáticos no corpo.

se o organismo volitivo está transtornado, os sentidos cognitivos não podem se desenvolver de forma sadia. se, mesmo quando a criança está sentada, o seu organismo motor está inquieto, ele não pode se converter em órgão do sentido da linguagem.

a palavra dita de forma presencial e espontânea é carregada de vitalidade. muito diferente do que acontece com a máquina. além disso, com as máquinas, a criança percebe os sons por meio de uma elaboração mecânica muito complicada e abstrata (desprovida de materialidade).

para a criança que ainda está desenvolvendo o sentido do eu (até os 9 anos de idade), é fundamental perceber um ser humano dotado de eu por trás de sons, vozes, palavras e pensamentos. e isso fica comprometido com o disco e a televisão, pois não há um eu por trás desse conteúdo.

é por isso que muitas crianças expostas a essas tecnologias chegam no ensino fundamental com dificuldade de perceber a presença do adulto e escutá-lo com ajuda dos quatro sentidos superiores.

prática - educação - arte - terapia

o ritmo, para o qual a criança em idade escolar tem particular receptividade, está a serviço do cultivo dos sentidos volitivos e é o remédio contra a mania de movimento.

nenhuma aula, mesmo para alunos mais velhos, deveria começar sem exercícios rítmicos e recitação. o ritmo acalma a excitação exagerada que a mecanização produziu em nosso organismo motor.

ritmo do dia, da semana, do mês, do ano, da vida uma manhã escolar ou uma semana escolar pode ter um curso rítmico ou arrítmico tempos (menores e maiores) periódicos são percebidos pelos sentidos volitivos ação repetida: um grupo de crianças (ou uma criança) faça, todos os dias, à mesma hora, a mesma ação.

objetivo da educação: que todos os sentidos se saturem de alma por meio da arte (em vez da mecanização por meio da técnica).

numa poesia, a ênfase deve estar no ritmo e na rima (e não no conteúdo). o ritmo e a rima são o princípio educativo primário. a recitação perfeita é a que destaca o elemento musical-rítmico.

o ensino de línguas, quando trabalha versos, canções e rimas, contribui não só com os sentidos auditivo e da linguagem, mas também com os do movimento e do equilíbrio. por esta razão, as crianças aprendem idiomas como que por intuição. arquitetura artística - limita o campo visual do ser humano. sustentação e gravitação, mecânica e dinâmica, o que sustém e o que gravita

percorrer, desenhar e contemplar as formas das letras, sem saber o som que elas fazem. perceber as letras como meras formas é apelar aos sentidos volitivos. a leitura é assunto do intelecto. a contemplação de formas e o desenho é adestramento da vontade.

esporte: exige uma ação tão fixa e unilateral que não pode produzir efeito pedagógico o que os sentidos volitivos percebem no esporte exagerado escapa do realmente humano tem um caráter automático que não influencia sadiamente a vida afetiva

colocar o corpo em movimento ritmicamente

bola, correr com o aro, perna de pau

correr, pular , tatear com os pés se equilibrar sobre uma barra ou um tronco

euritmia, jogos infantis, ginástica (bothmer), calistenia ritmo do dia, da semana, do mês, do ano, da vida fazer, todos os dias, à mesma hora, a mesma ação

crianças: ajudar os adultos, imitar os adultos rodas, canções, versos

ritmo, música e rima exercícios rÍtmicos e recitação

andar e desenhar formas

formas primordiais: reta, curva, círculo, espiral, lemniscata, triângulo

simetria: completar metade de um desenho em que a outra metade é dada

percorrer, desenhar e contemplar as formas das letras, sem saber o som que elas fazem jardinagem

trabalhos manuais

pintura, escultura

atividades plásticas e entalhamento de madeira

modelar com olhos vendados

fazer música e ouvir música

contemplação de arquitetura artística

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